10 março, 2010

Design em Portugal

« Denise Ferreira, é mestra em Design de Comunicação pela Faculdade de Arquitectura da UTL, desde 2009, com o projecto de investigação “Design Reconhecido: Organização e Deontologia”. A Designer pondera esta profissão em terras Lusas:
« Desde os anos 70 do século XX que se sentiu a necessidade de se criarem cursos superiores em Portugal, de modo a preparar profissionais aptos a oferecer um trabalho especializado e dar resposta às necessidades empresariais. Desde então, o número de profissionais com formação e autodidactas tem vindo a crescer seguindo uma prática sem regras, dependendo o valor atribuído ao design, da sensibilização e conhecimento que a sociedade e o meio empresarial tem sobre esta recente actividade.
(…) Esta marginalização costuma ser justificada por uma falsa ideia de inexistência de informação orientadora para boas práticas. Falsa ideia, porque mesmo existindo lacunas a nível nacional, estas podem ser preenchidas com as orientações de associações internacionais.
É urgente esclarecer a sociedade do que pode esperar, quais as responsabilidades e o lugar/​papel dos designers. O design continua envolto em equívocos, sendo ainda tido como uma disciplina de base artística, de soluções formais e estéticas, onde os designers apenas são considerados simples artistas. Esta situação é notória, por exemplo, na consulta da legislação da Propriedade Intelectual ou na constante publicidade apresentada aos consumidores.
Uma profissão, para atingir o devido reconhecimento, credibilidade, estatuto definido, papel ou lugar na sociedade, deve seguir uma organização composta por meios que orientem os seus actores num objectivo comum e com uma deontologia que determine quais os seus deveres e responsabilidades.
Com base no inquérito “Design Reconhecido” (realizado em 2009) constatou-​​se um desconhecimento entre os designers sobre questões relacionadas com a organização e deontologia do Design, onde 88% dos participantes responderam que não se encontram inscritos em Associações de Design, 83% não exercem a sua actividade segundo um Código Deontológico e apenas 18% respondeu positiva e correctamente à questão de conhecimento de quais as entidades responsáveis pela Propriedade Intelectual.
Constatou-​​se também que a situação profissional do designer em Portugal é instável, com resultados que demonstram dificuldade de definição da mesma, valores percentuais elevados de participantes com contrato a termo certo e em estágio profissional e a indicação de valores fixos mensais de remuneração, na sua maioria inferiores a 1000€.
Perante uma situação de crise, onde a prática de políticas de design depende da cultura de cada país, os designers podem encontrar a sua oportunidade de esclarecer e sensibilizar a sociedade e o meio empresarial para o seu importante contributo como factor essencial de crescimento económico e posicionamento internacional, através da sua definição como classe profissional e da criação de uma linha de conduta que os orientem num objectivo comum, como a sua credibilização e reconhecimento nacional. »

mais em: http://www.bemadaboutdesign.com/

2 comentários:

  1. Infelizmente este cenário é bastante real. O Design ainda está a enraizar-se na cultura Portuguesa, e ainda existe muito preconceito e desvalorização, nesta área. As “associações de design” existentes, estão a dar alguns passos nos direitos e deveres do Designer enquanto profissional. Mas cada entidade por seu lado… Será que todos juntos não teremos mais força?!

    ResponderEliminar
  2. Enquanto os designers continuarem a ser o grupo profissional que mais trabalha "em voluntariado", sem uma verdadeira definição do seu estatuto na sociedade não vamos a lado nenhum e também não se pode admitir a denominação de Designer a pessoas sem formação superior.

    A questão que sempre me surge neste contexto é a seguinte: quem contrata um Médico, um Advogado ou um Arquitecto com habilitações minimas de 9º ou 12º ano??? No entanto todos os dias nos classificados dos jornais pedem Designers com o 9º ano ou 12º ano!

    Não creio que exista preconceito ou desvalorização nesta área... ou até haja e criada por nós designers que deixamos que qualquer autodidacta se intitule "designer" e trabalhe como tal...

    penso que o grande problema da profissão começa aí...

    A Denise [minha colega no doutoramento] fez um bom trabalho no seu mestrado e acredito que a sua continuidade no doutoramento será de grande importância para todos nós...

    mas é como escreves Bessa... sozinhos não vamos a lado nenhum!!

    e não chega falarmos sempre sobre o assunto sentados nos nossos atelier's com conversas fervorosas que não saem das 4 paredes.
    É necessário intervir e os designers têm ferramentas para o fazerem e bem: criatividade e várias formas de disseminação das suas ideias... deixo a ideia no ar!

    bjo

    ResponderEliminar